terça-feira, 4 de dezembro de 2007

A noite

Noto, não sem algum pesar, que se começa tarde a viver na Baixa.

Talvez disto não partilhe quem vive bem de noite, mas eu nunca gostei dela. Sempre achei pérfida a forma como hiperboliza os problemas convencendo-nos que só junto dela compreendemos a sua real dimensão. A noite sempre se me apresentou assustadora, mentirosa e terrivelmente persuasiva. Por isso não gosto do breu, nem para dormir melhor. Uma réstia de luz acompanha o sonho dos justos. Por isso me apoquenta ver o quiosque dos jornais a abrir as portas às nove da manhã, o fornecedor a cumprir ainda mais tarde e o metro à pinha às nove e meia...

O dia demora a começar na Baixa. Temo, por isso, que a noite tarde em acabar.

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