quarta-feira, 4 de junho de 2008


I caught Tara laughing with another man.
Are you sure they weren't just kissing?
No, they were laughing...

Pela Baixa

Há tempos a Atlântico convidou Maria Filomena Mónica a passar uns dias em Lisboa como turista. Pagou-lhe o hotel, os restaurantes, e pediu-lhe para contar como foi. O resultado foi o esperado: muito azedume e descontentamento pela sua cidade. Toda? Toda não. Como a Gália do Astérix, uma aldeia de camponeses resiste ao invasor: MFM confessou-se incapaz de maldizer a Baixa lisboeta, num misto de saudosismo (surpreendente em MFM) e rendição perante a beleza. Apesar da degradação - defendia a autora e eu acho importante concordarmos com ela - a Baixa ainda é um hino a uma beleza regrada e eficaz, um oásis de ordenamento e racionalidade. E com a chegada dos emigrantes, a Baixa já não é só uma experiência esteticamente recompensadora mas é também a área mais cosmopolita da cidade, sem o folclore-chique do Chiado ou o folclore-típico de Alfama. Na Baixa cruzam-se os que lá vivem há «mais de cinquenta anos», os congoleses e costa-marfinenses, os turistas dinamarquês e alemão, o «jovem», a Zara, a casa de gelados italianos (ali na rua da Prata, recomendo vivamente), a Calzedonia, a FNAC, os malucos (há muitos malucos na Baixa), os bêbados, os emigrantes PALOP que se juntam numa discoteca chamada «Açores», os restaurantes in, os restaurantes out, o artista de rua com talento, o artista de rua sem talento, as manifestações de esquerda da CGTP, as manifestações de direita dos taxistas, a praça mais bonita do mundo.

Vai custar-me abandoná-la (se isso vier a acontecer.)